segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Era Uma Vez na América

Olá Queridos!
Vamos ao post de Fevereiro! Tirei esse texto do blog de uma amiga que atualmente mora em Dubai. Parece ser meio grande, mas é um diálogo. É rápido de ler.
As fotos estão sendo compartilhadas no facebook. A última é de Marjane Satrapi, que eu já havia citado no blog.





tirei do blog:http://oislamismonomeucaminho.blogspot.com/ 

ERA UMA VEZ NA AMÉRICA... 
Filho: Pai, porque é que tivemos que atacar o Iraque? 

Pai: Porque eles tinham armas de destruição em massa, 
filho. 

F: Mas os inspetores não encontraram nenhuma arma de 
destruição em massa. 

P: Isso é porque os iraquianos as esconderam. 

F: E porque é que nós invadimos o Iraque? 

P: Bom, as invasões funcionam sempre melhor que as 
inspeções. 

F: Mas depois de os termos invadido, ainda não 
encontramos nenhuma arma... 

P: Isso porque as armas estão muito bem escondidas. 
Mas haveremos de encontrar alguma coisa, provavelmente 
antes mesmo das próximas eleições. 

F: Para que é que o Iraque queria todas aquelas armas 
de destruição massa? 

P: Para as usar numa guerra, claro. 

F: Estou confuso. Se eles tinham todas essas armas e 
planejavam usá-las numa guerra, então porque é que não 
usaram nenhuma quando os atacamos? 

P: Bem, obviamente não queriam que ninguém soubesse 
que eles tinham aquelas armas, por isso eles 
escolheram morrer aos milhares em vez de se 
defenderem. 

F: Isso não faz sentido. Porque é que eles haveriam de 
escolher morrer se tinham todas aquelas armas 
poderosas 
para lutar contra nós? 

P: É uma cultura diferente. Não é necessário fazer 
sentido. 

F: Pai, não sei o que é que você acha, mas não me 
parece que eles tivessem quaisquer daquelas armas que 
o nosso governo dizia que eles tinham. 

P: Bem, não interessa se eles tinham ou não aquelas 
armas. De qualquer modo nós tínhamos outra boa razão 
para os invadir. 

F: E qual era? 

P: Mesmo que o Iraque não tivesse armas de destruição 
em massa, Saddam Hussein era um cruel ditador, o que 
era outra boa razão para invadir um país. 

F: Porquê? O que é que um ditador cruel faz para que 
seja correto invadir o seu país? 

P: Bom, pelo menos uma coisa, ele torturava o seu 
próprio povo. 

F: Assim como fazem na China? 

P: Não compare a China com o Iraque. A China é um bom 
parceiro econômico, onde milhões de pessoas trabalham 
por salários de miséria, em condições miseráveis, para 
tornar as empresas norte-americanas mais ricas. 

F: Então, se um país deixa que o seu povo seja 
explorado para o lucro das empresas americanas, é um 
bom país, mesmo se esse país tortura o povo? 

P: Certo. 

F: Porque é que o povo no Iraque era torturado? 

P: Por crimes políticos, principalmente, como criticar 
o governo. As pessoas que criticavam o governo no 
Iraque eram presas e torturadas. 

F: Não é isso o que também acontece na china? 

P: Já disse, a China é diferente. 

F: Qual é a diferença entre a China e o Iraque? 

P: Bom, ao menos por uma coisa: o Iraque era governado 
pelo partido Baas, enquanto que a China é comunista. 

F: Você não tinha dito uma vez que os comunistas eram 
maus? 

P: Não, só os comunistas cubanos são maus. 

F: Porque é que os comunistas cubanos são maus? 

P: Porque as pessoas que criticam o governo em Cuba 
são presas e torturadas. 

F: Como no Iraque? 

P: Exatamente. 

F: E como na China, também? 

P: Já disse, a China é um bom parceiro econômico. 
Cuba, por outro lado, não é. 

F: Porque é que Cuba não é um bom parceiro econômico? 

P: No início dos anos 60, o nosso governo fez umas 
leis tornando ilegal o comércio com Cuba, é que eles 
deixassem de ser comunistas e começassem a ser 
capitalistas como nós. 

F: Mas se nós acabássemos com essas leis, abríssemos o 
comércio com Cuba, e começássemos a fazer negócios com 
eles, isso não ajudaria os cubanos a tornarem-se 
capitalistas? 

P: Não se faça de esperto! 

F: Eu acho que não sou. 

P: Bom, de qualquer modo, também não há liberdade de 
religião em Cuba. 

F: Assim como na China? 

P: Já disse, deixa de falar mal da China. De qualquer 
maneira, Saddam Hussein chegou ao poder através de um 
golpe militar, por isso ele não era realmente um líder 
legítimo. 

F: O que é um golpe militar? 

P: É quando um general toma o poder pela força, em vez 
de eleições livres como nós temos nos Estados Unidos. 

F: O líder do Paquistão não chegou ao poder através de 
um golpe militar? 

P: Aah, sim, foi; mas o Paquistão é nosso amigo. 

F: Como é que o Paquistão é nosso amigo se o seu líder 
é ilegítimo? 

P: Eu nunca disse que o general Pervez Musharraf era 
ilegítimo. 

F: Mas você acabou de dizer que um general que chega 
ao poder pela força, derrubando o governo legítimo de 
uma nação, é um líder ilegítimo 

P: Só Saddam Hussein. Pervez Musharraf é nosso amigo, 
porque ele nos ajudou a invadir o Afeganistão. 

F: E porque é que nós invadimos o Afeganistão? 

P: Por causa do que eles nos fizeram no 11 de 
setembro. 

F: O que é que o Afeganistão nos fez no 11 de 
setembro? 

P: Bem, em 11 de Setembro de 2001, dezenove homens, 
quinze dos quais da Arábia Saudita, desviaram quatro 
aviões e lançaram três contra edifícios, matando mais 
de 3.000 norte-americanos. 

F: E onde é que o Afeganistão entra nisso tudo? 

P: O Afeganistão foi onde esses homens maus foram 
treinados, sob o regime opressivo dos Talibãs. 

F: Os Talibãs não são aqueles maus radicais islâmicos 
que cortam as cabeças e as mãos das pessoas? 

P: Sim, são esses. Não só cortavam as cabeças e as 
mãos das pessoas, como também oprimiam as mulheres. 

F: Mas o governo Bush não deu aos Talibãs mais de USD 
40.000.000,00 em maio de 2001? 

P: Sim, mas esse dinheiro foi uma recompensa porque 
eles fizeram um bom trabalho na luta contra as drogas. 

F: Na luta contra as drogas? 

P: Sim, os Talibãs ajudaram a impedir as pessoas de 
cultivarem papoulas de ópio. 

F: Como é que eles fizeram tão bom trabalho? 

P: É simples. Se as pessoas fossem apanhadas 
cultivando papoulas de ópio, os Talibãs cortavam-lhes 
as mãos e as cabeças 

F: Então, quando os Talibãs cortavam as cabeças e as 
mãos das pessoas que cultivavam flores, isso estava 
certo mas não se eles cortavam as cabeças e as mãos 
por outras razões? 

P: Bom, nós achamos que é certo os radicais 
fundamentalistas islâmicos cortarem as mãos das 
pessoas por cultivarem flores, mas achamos cruel que 
eles cortem as mãos das pessoas por roubarem pão. 

F: Mas na Arábia Saudita eles também não cortam as 
mãos e as cabeças das pessoas? 

P: Isso é diferente. O Afeganistão era governado por 
um patriarcado tirânico que oprimia as mulheres e as 
obrigava a usar burqas sempre que elas estivessem em 
público, e as que não cumprissem tal ordem eram 
condenadas à morte por apedrejamento. 

F: Mas as mulheres na Arábia Saudita não têm também 
que usar burqas em público? 

P: Não, as mulheres sauditas simplesmente usam uma 
vestimenta islâmica tradicional. 

F: Qual é a diferença? 

P: A vestimenta islâmica tradicional usada pelas 
mulheres sauditas é uma roupa modesta, mas em moda, 
que cobre todo o corpo da mulher, exceto os olhos e os 
dedos. A burqa das afegãs, por outro lado, é um 
instrumento maligno da opressão patriarcal que cobre 
todo o corpo da mulher, exceto os olhos e os dedos. 

F: Parece-me a mesma coisa com um nome diferente. 

P: Você não vai querer comparar o Afeganistão com a 
Arábia Saudita. Os sauditas são nossos amigos 

F: Mas você não disse que 15 dos 19 piratas do ar do 
11 de setembro eram da Arábia Saudita? 

P: Sim, mas foram treinados no Afeganistão. 

F: Quem é que os treinou? 

P: Um homem chamado Osama Bin Laden. 

F: Ele era do Afeganistão? 

P: Aah, não, ele era também da Arábia Saudita. Mas era 
um homem mau, um homem muito mau. 

F: Se bem me lembro, ele já tinha sido nosso amigo. 

P: Só quando nós o ajudamos e aos mujahadin a repelir 
a invasão soviética do Afeganistão, nos anos 80 

F: Quem são os soviéticos? Não eram do Império do mal, 
comunista, que Ronald Reagan falava? 

P: Já não há soviéticos. A União Soviética acabou por 
volta de 1990, e agora eles têm eleições e capitalismo 
como nós. Agora os chamamos de russos. 

F: Então os soviéticos, quero dizer, os russos, agora 
são nossos amigos? 

P: Mais ou menos. Eles foram nossos amigos durante uns 
anos, quando deixaram de ser soviéticos, mas depois 
decidiram não nos apoiar na invasão do Iraque, por 
isso agora estamos aborrecidos com eles. Também 
estamos aborrecidos com os franceses e com os alemães porque 
eles também não nos ajudaram a invadir o Iraque. 

F: Então os franceses e os alemães também são maus? 

P: Não completamente, mas suficientemente maus para 
termos mudado o nome das French Fries (batatas fritas) 
e das French Toasts (Torradas)para Freedom Fries 
(batatas da liberdade) e Freedom Toasts (Torradas da 
liberdade). 

F: O Iraque não foi um dos nossos amigos nos anos 80? 

P: Sim, durante algum tempo. 

F: Saddam Hussein não era então o líder do Iraque? 

P: Sim, mas nessa altura ele estava em guerra contra o 
Irã, o que fazia dele nosso amigo. 

F: Porque é que isso fez dele nosso amigo? 

P: Porque naquela altura o Irã era nosso inimigo. 

F: Isso não foi quando ele lançou gás contra os 
curdos? 

P: Sim, mas como ele estava em guerra contra o Irã, 
nós fazíamos de conta que não víamos, para lhe mostrar 
que éramos seus amigos. 

F: Então, quem lutar contra um dos nossos inimigos 
torna-se automaticamente nosso amigo? 

P: A maior parte das vezes sim. 

F: E quando alguém luta contra um dos nossos amigos 
torna-se automaticamente nosso inimigo? 

P: Às vezes isso é verdade. Porém, se as empresas 
americanas puderem lucrar vendendo armas para ambos os 
lados, ao mesmo tempo, tanto melhor. 

F: Porquê? 

P: Porque a guerra é boa para a economia, o que 
significa que a guerra é boa para a América. Além 
disso, já que Deus está do lado da América, quem se 
opõe à guerra é um ateu, anti-americano, comunista. 
Percebes agora porque é que atacamos o Iraque? 

F: Acho que sim. Nós atacamos porque era a vontade de 
Deus, certo? 

P: Sim. 

F: Mas como é que nós sabíamos que Deus queria que 
atacássemos o Iraque? 

P: Bem, Deus fala pessoalmente com George W. Bush e 
lhe diz o que fazer. 

F: Então, basicamente, você está dizendo que atacamos 
o Iraque porque George W. Bush ouve vozes na cabeça? 

P: Isso mesmo! Finalmente você percebeu como o mundo 
funciona. Agora fecha os olhos e dorme.



O mundo não é dividido em Oriente e Ocidente. Você é americano, eu sou iraniana. Nós não nos conhecemos mas conversamos e nos entendemos perfeitamente. A diferença entre você e seu governo é muito maior do que a diferença entre você e eu. E a diferença entre eu e meu governo é muito maior que a diferença entre eu e você.
E os nossos governos são muito parecidos.

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